terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

guca 2007

Guca 2007 foi sem duvida uma incrivel experiençia, quero agradecer o texto em baixo apresentado ao meu grande amigo, irmao e futuro jornalista da madona João Patricio
Um grande abraço.
A vila está fechada para a ocasião. Instalam-se cancelas em plena estrada avisando-nos que no máximo poderemos parar a carrinha num dos descampados em redor. São é 400 dinares para passar. E é o que fazemos. Paramos logo de seguida onde a relva ainda se vê, afinal de contas é um festival. São é mais 800 dinares. - Mas já pagámos ali atrás. – Mas aqui podem usar os chuveiros! - Dizem-nos no inglês possível.
São cinco dias de festival, e que rápido que passam. Tristeza não tem fim/Felicidade sim. Quando caminhamos pelas ruelas daquela vila plantada no meio do vale temos que ter cuidado com as brasas que estão pelo caminho. É ali que os enormes potes de barro vão cozer as couves e a vitela, é por ali que os espetos giram com a sua carne. O fumo eleva-se do chão das suas ruas para pairar sobre as casas, para pairar sobre toda a vila. Cheira a quente. E se a multidão que nos envolve seria suficiente para o nosso corpo não passar frio, o fumo que nos rodeia aconchega-nos o espírito. Ao longe a vila parece-nos saída da Idade Média, ocupada que está nos seus afazeres debaixo daquela acolhedora neblina dos cozinhados.
Eslovenos, croatas, franceses, alemães, os ingleses e os suecos, os italianos e esses da antiga Lusitânia. Também se vê a Rússia dali. Fora o resto das matrículas que o nosso olhar não alcança. Não sabemos quem veio de mais longe. Não é isso que importa. A Europa veio ver a vila de Guča, e parece que a América e o resto do mundo também. Miles Davis quando cá esteve confessou não saber que se podia tocar trompete daquela maneira. E nós concordamos. Não temos que nos deslocar ao palco para ouvir aquele apaixonado som da Sérvia. Esse palco existe, mas a festa já está no caminho, por entre os caminhos da vila onde as muitas bandas que ali acorreram se digladiam para chamar a si o máximo de público. A cada esquina uma fanfarra. A cada fanfarra uma festa. E em todas as festas a explosão de alegria que aquela música nos consegue dar, mais que qualquer outra, pela liberdade e despreocupação que nos atinge. Em Guča ouvem-se perto os tambores que ecoam longe. Penetram-se em nós as trompetes que fazem dançar até de madrugada, até bem depois da Sérvia acordar, até bem depois do mundo adormecer e voltar a acordar. São os loucos e boémios anos 20 outra vez. Mas tirem o jazz e o glamour das sociedades elitistas americanas e europeias. Dêem-nos fanfarra e devolvam a festa ao povo, e aí encontram Guča.






guca 2007









guca 2007









guca 2007





guca 2007